terça-feira, 14 de junho de 2011

"Tempos de Criança"



Hoje relembro tudo o que aprendi,
As mil e uma coisas que contigo vivi,
Brincadeiras inocentes levadas da breca,
Histórias fascinantes de qualquer pateta.

Jogar à bola, brincar com casinhas,
Tardes a dormir, enrolados nas mantinhas,
Para cá, para lá, no baloiço,
Mais a tua voz fininha que agora já não oiço.

Tempos que lá vão...
A saudade é a marca registada pelo meu nostálgico coração.

Autênticas crianças,
De infância inesquecível,
Tantas as esperanças,
Tanta a carência e o olhar sensível.

Gostos partilhados,
Beijinhos roubados,
Abraços sinceros,
Abecedário trocado por desenhos nos cadernos.

Noites ao relento,
Conversas de putos,
As mesmas que ainda hoje. trago no pensamento...

Os olhares fascinados virados para a lua,
A louca da curiosidade e o velho alento,
A tua mão na minha, e a minha na tua.

Entre olhares fugazes, a inocência voava,
Entre riscos inevitáveis, a inexperiência se desenrolava.

E vividos assim...
Contra a verdade nua e crua,
Era dos fascínio da mente,
Que afirmáva-mos:
Que era uma Amizade,
Apenas diferente...
A minha e a tua!

                                                                Fábio Salvador e Sara Guerreiro

segunda-feira, 13 de junho de 2011

"Se eu fosse um búzio"



Há três dias que te integras em mim, há uns três dias que deixei de ser uma só, para ser duas pessoas ao mesmo tempo. No fundo, tudo se resume a isto, a nós as dois…
Há três dias que entraste na minha vida e me marcaste como ninguém conseguiu marcar!
Conseguiste mandar embora todas as pegadas lameçentas que outrora me atormentavam...
A tua voz tem o mesmo efeito em mim que o som do mar, calmo, doce, sossegado e passa por mim deixando marcas na areia imensa do meu mundo.
É como se eu fosse um búzio à espera de ser colhido pelas tuas mãos e simplesmente sentir o entrelaçar dos teus dedos em mim, um por um...
Se um dia eu fosse um búzio...
Sempre que estivesses distraída, eu iria sussurrar no teu ouvido, todas as histórias de naufrágios da minha pequena vida. E como senão houvesse amanhã, deixaria-te um beijo, aquele beijo que o mar dá a areia quando fica e parte para longe...

                        Fábio Salvador

"O Rosto da Solidão"





A noite vai a meio,
O sono sem chegar,
Tenho o coração cheio,
De amor para te dar.

Cabe a ti, decidir,
Se o queres aceitar,
Não te penso iludir,
Apenas te demonstrar...

O que estou a sentir,
Neste belo lugar,
Ao qual chamo casa, muita coisa posso pressentir,
Mas o sentimento não irá mudar.

Não tão cedo como seria de esperar,
A TV faz-me companhia, nesta sala de estar,
A sós com a nostalgia, perco-me no pensar,
Trabalho arduamente num sonho que está preste a se realizar...
Ainda sobre ele não posso falar,

Está na minha mente e com ela a divagar,
O sol ainda não nasceu, mas pouco deve faltar,
O cansaço é muito deveria descansar...

Mas essa não é a minha vontade, mas deveria respeitar.

A menina de vestido branco faz-me companhia, fica atenta a olhar,
Sorri docemente, outra coisa não seria de esperar,
Já não sinto medo, aprendi aceitar.

Encontrei o rumo certo, daqui para a frente, será sempre a caminhar,
A solidão já partiu faz tempo...
A lua já esteve cheia, mas agora a minha alma é levada pelo vento,
Para um lugar incerto,
A menina olha fixamente, não estou sozinho...
Sinto-a bem perto.

A imensidão da noite faz-me questionar,
Se o amor é real, porque me faz chorar?
Um ser imortal, que me está aconchegar!
Tapa-me, lentamente, à medida que canta,
A melodia é harmoniosa, a sua voz me encanta.

Tão doce e inocente, aquela forma carinhosa de se despedir.
Talvez tenha chegado a hora de partir...
Para o mundo dos sonhos e da fantasia,
Adormeço feliz e espero por mais um belo dia.

                                     Fábio Salvador

"Basicamente, nunca..."


Neste momento sinto-me capaz de subir a árvore mais alta
do parque e gritar que és tudo. Mais do que isso, sinto-me
confiante para saltar do seu topo e desfrutar da sensação
de liberdade da contínua queda do meu corpo. Porque tu
estás lá em baixo para me segurares quando eu chegar ao
chão. Para me dares a mão e prosseguirmos a noite lado a
lado, sentindo o vento arrefecer as nossas faces enquanto
os nossos corações quase se derretem de tanto calor
inalarem. E deixo-me levar suavemente por ti, caminho ao
ritmo do teu andamento enquanto apertas a minha mão
contra a tua. Os meus dedos cruzam-se com os teus, e é
como se neste momento, o mundo todo se concentrasse
aqui, neste ínfimo espaço, que se encontra entre a minha
mão e a tua. Neste momento. Apenas neste momento me
apetece rir. Mas apetece-me rir como se fosse o último dia
que um ser humano tivesse tal oportunidade. Rio-me perante
o teu sorriso. Rio-me por sentir os teus dedos se juntarem
mais aos meus, rio-me por o espaço onde todo o mundo se
concentra, aquele entre a minha mão e a tua, se estreitar
cada vez mais. Não, agora o mundo não nos escapar mais.
E rio-me porque me parece ouvir a tua voz dizer algo junto
ao meu ouvido, que não compreendo imediatamente. Sabes
porquê? Porque neste momento acabaste de usar o verbo
adorar. A forma como tu usas o verbo adorar é diferente.
Porque me faz sentir a pessoa mais viva do mundo. E é por
isso que neste momento me sinto vivo como nunca pensei vir
a sentir-me. Pela primeira vez percebo, entendo,
compreendo o conceito da palavra vida. Todos os
significados que podem nascer a partir do tal conceito que
agora domino completamente. Neste momento sei
perfeitamente que serei eterno. Nós seremos eternos! Não
mais acreditarei em efemeridades da vida. Nem tu... Porque
sabes que me pertences e eu te pertenço. E será sempre
assim. Sempre. Mesmo que um dia tudo acabe, o nosso
mundo, que se encontra algures entre a minha mão e a tua,
na infimidade de um espaço criado apenas e somente por
nós, irá perdurar. Neste momento realizas o meu âmago, a
parte mais profunda do meu ser. E só me apetece mergulhar
contigo num mar de ideias, sonhos e sentimentos. Enumerar
contigo toda uma complexidade de objectivos que juntos
iremos atingir. És objecto da minha afeição, és motivo da
minha felicidade, da minha plenitude. Neste momento, és
tudo!!!

Quando penso em escrever algo sobre a nossa relação, a minha cabeça não pára e faz-me oscilar entre centenas de frases variadas, cada uma com o seu diferente significado. A verdade, é que a nossa relação é indescritivelmente sentida, e há sentimentos que nunca se conseguem descrever pela sua profundidade e sentido.
Basicamente não quero perder-te...

      Fábio Salvador